Nossa Senhora de Lourdes - Vila Lourdes

 A primitiva localidade conhecida com o simpático nome de “Vila da Coruja” foi rebatizada a partir da veneração a Nossa Senhora de Lourdes, por parte da comunidade local.Por volta de 1959, a administração do Hospital São José, de Criciúma, decidiu pela construção de uma casa de descanso para as irmãs religiosas, especialmente para as mais idosas, da Congregação das Irmãs Escolares, em Forquilhinha.  Segundo a Irmã Elenara Rocha: “No dia 21 de novembro de 1959, o Bispo de Tubarão, Dom Anselmo Pietrulla rezou a primeira missa na capela e benzeu o local”.

Foi comprado um amplo terreno pertencente a Leonardo Steiner, onde as irmãs construíram um chalé em madeira, no estilo germânico. Junto a essa primitiva moradia foi construída uma pequena gruta, com uma bonita imagem de Nossa Senhora de Lourdes, lembrando as milagrosas aparições da Virgem Maria à pequena Bernadette Soubirous, em 1858, na França.

Na década dos anos 1970, o local tornou-se a Casa de Oração. “A Madre Maria Hilda Skrzpczyk pediu a Revma. Madre Geral, Maria Georgianne Segner, permissão para que ela, junto com a Madre Maria Theophora Krzonkalla, começasse, na Vila Lourdes, a experiência de uma “Casa de Oração”. 

Desta maneira, um grupo de irmãs passaram a morar na casa. O local no qual as religiosas rezavam e se celebrava missas, tornou-se uma referência da região, e os populares, devotos de Nossa Senhora de Lourdes, decidiram batizar oficialmente o bairro com esse nome. 

A capela de Nossa Senhora de Lourdes da Casa de Repouso das Irmãs é pequena, mas primorosa e delicada. Possui elementos refinados da arte sacra. No espaço reservado ao sacrário pode-se perceber, na moldura, detalhes que lembram a parte superior das colunas coríntias, próprias do antigo período helenístico na Grécia, e presente nas igrejas católicas de estilo neoclássico. Por outro lado, na parte superior, a figura do anjo remete a detalhes presentes no estilo barroco. Os esplêndidos vitrais que adornam a capela trazem símbolos pertencentes à fé. Na arte sacra os vitrais ganharam notoriedade a partir da idade média, com o surgimento do estilo gótico, como um recurso visual, utilizando-se da luz refletindo por meio de vidros coloridos organizados em imagens de símbolos, santos, passagens bíblicas, entre outros.

   A partir do momento em que o bairro ganhou oficialmente o nome de Vila Lourdes, algumas lideranças da comunidade apresentaram a proposta de construir uma igreja que albergasse a população local em constante aumento. A pequena capela da Casa das Irmãs, pelo seu exíguo tamanho, já não comportava o número de fiéis da vizinhança. Segundo o relato dos memoriosos moradores da “Vila”, apelido como também é chamado popularmente o bairro entre seus vizinhos, aconteceu que: “Até o ano 1978, quando ocorreu a realização das “missões’ em Vila Lourdes, a comunidade frequentava a escola e a igreja do centro de Forquilhinha. A partir de então, as famílias foram estimuladas a revezar as novenas em suas casas e as missas passaram a ser celebradas na garagem dos caminhões do Engenho Silveira. Mais tarde, em 1980, as celebrações passaram a ser realizadas na escola recém construída, até que, em 1991, depois de muitas festas, que objetivavam arrecadar fundos para a construção da capela, que se somavam às doações de membros da comunidade, políticos e empresários, tiveram início as obras para a construção da igreja que se concretizou no início de 1995.” 

   De fato, como aconteceu em outras tantas comunidades do município, as famílias do bairro foram se organizando com o intuito de tornar realidade três importantes instituições da vida comunitária: a escola, a igreja e o centro comunitário.

   Valentin Willemann, destacado vizinho e liderança local, na sua crônica “Conhecendo nosso bairro. Vila Lourdes”, explica que em 1979, os missionários das Santas Missões pediram que todas as comunidades fizessem grupos de novenas. Em Vila Lourdes, começou-se com 54 famílias. A primeira missa, realizada no galpão de caminhões de Antônio Silveira, foi oficiada por Frei Teodoro Zimmerman. Nesse dia, lembra Willemann, foi o batizado de José Carlos, cujos padrinhos foram Antônio Silveira e sua esposa Salute Manenti Silveira. Na mesma época, as famílias começaram a trabalhar para levantar a primeira escola, inaugurada em 13 de novembro de 1980. O pároco, Frei Tarcísio Theiss, foi encarregado da bênção das instalações e rezou missa no local. Desde um primeiro momento, a escola também era utilizada para a realização de missas e cultos. Em 1981, ao realizar-se a primeira festa em benefício da escola, parte dos lucros obtidos foi destinada para reunir fundos para iniciar a construção de uma anelada capela. Em 1991 se iniciaram as obras. Realizaram-se muitos eventos e gincanas para arrecadar os fundos necessários. O cronista Willemann relata que: “As mulheres iam fazer pão de milho, rosca e assar galinha na casa de Pedro Minatto, Antônio Silveira, Erlindo Guinzani, Delnir Minatto, Idair Minatto, Maria Michels Heerdt e Saul Dário. Depois eram feitas barracas com lona de caminhão para poder vender os produtos que as mulheres faziam. Também eram vendidos bebidas, churrascos e polenta. A churrasqueira era coberta com lona para evitar o sol quente e a chuva. Todos trabalhavam com muita força de vontade, essa união foi responsável por nove salas de aula, um centro de festas e uma igreja.” (6) Com muito sacrifício, mas com a satisfação do dever realizado, a comunidade da querida “Vila” inaugurou sua capela em 15 de fevereiro de 1995.

   Entre os dias 14 a 20 de maio do ano de 2001, os moradores de Vila Lourdes receberam a presença das Santas Missões Redentoristas. Na ocasião, foi colocada uma cruz em frente à igreja. A Capela, pintada originalmente com as cores azul e azul celeste, que a caracterizou por muito tempo, foi recentemente repintada em uma cor de tonalidade mais suave, que transmite ao recinto religioso uma sensação distinta de equilíbrio e acolhimento.