A comunidade de São Jorge é uma das mais antigas do atual município de Forquilhinha. Fundada por volta de 1911 por famílias de origem luso-brasileira e italiana, que se estabeleceram nas terras da região dedicando-se às atividades agrícolas. Mas há referências que o território já contava com alguns habitantes, ainda que esparsos, no final do século XIX. Além do mais, formava parte da rota de comércio, dos tropeiros que conduziam gado desde a região serrana até os matadouros, os havia em Morretes e em outras localidades próximas, e os comerciantes ambulantes, as vezes chamados de “mascates” que passavam vendendo seus produtos, entre Nova Veneza e Araranguá, seguindo o traço do rio Mãe Luzia. Originalmente a localidade era conhecida como “Pouso do Mico”, por contar com uma grande figueira onde não faltavam esses animais. Essa árvore, segundo a tradição oral, servia de “pouso” para os tropeiros e viajantes que passavam pelo local. Havia também, naquela época, improvisadas mangueiras e espaços cercados onde os tropeiros guardavam o gado até, depois de um descanso, continuar o caminho.
No livro “Paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens”, o autor, Eder Mattos, resenha a São Jorge como uma das comunidades que pertenciam, à época, à paróquia de Nossa Senhora Mãe dos Homens, de Araranguá: “As comunidades citadas abaixo a partir de 1896 já teriam alguns registros de batismos e casamentos. São elas: Águas Brancas, Amola Faca, Campo Novo, Caverá...Ermo, Ilhas, Lagoa dos Esteves, Morretes... São Jorge e Volta Curta.” (1)
Ainda consultando os Livros de Tombo dessa paróquia, podemos encontrar que no ano de 1913 houve três matrimônios de casais moradores de São Jorge. O Livro Tombo do dia oito de novembro registra os casamentos de: João José da Silva, 35 anos e Carolina de Jesus Custódio, de 22 anos; e Generoso Mariano Alves, 30 anos e Dotina Cândida de Jesus, de 33 anos.
Não se encontra registro histórico das circunstancias e do ato da escolha do nome da comunidade, que passou de “Pouso do mico” para “São Jorge”, mas a versão mais difundida faz referência à construção da primitiva capela: “...certo dia passou pela localidade um senhor chamado Jorge Salim e vendo que o povo estava construindo uma capela doou uma imagem de São Jorge, o santo guerreiro, e pediu que a comunidade passasse a se chamar São Jorge”. (2)
Outras versões, sempre surgidas do relato oral, contam que esse nome foi escolhido porque os tropeiros que a cavalo passavam frequentemente pelo local identificavam-se com esse santo, que era tido como excelente ginete e na sua representação iconoclasta aparecia montado em brioso corcel.
Além do santo padroeiro, outros santos da devoção da comunidade estão presentes na capela. Há uma artística imagem em gesso de Santa Catarina, Mártir da Igreja, muito venerada no Estado. A estatueta da santa aparece, como é de costume, com os elementos de tortura junto com a palma e a veste vermelha, como símbolo de seu martírio.
A capelas São Jorge continua sendo o ponto de referência ao redor do qual se desenvolve não só a vida religiosa, mas também social. É um importante local de integração da comunidade e testemunha da colonização da região.