Nossa Senhora Aparecida - Morro Comprido

Nossa Senhora Aparecida - Morro Comprido

  Segundo a tradição oral, as primeiras famílias, de origem italiana, que se assentaram no local, chegaram a partir de 1916 ou 1917, ainda que já existissem algumas famílias luso-brasileiras nas redondezas. A região era conhecida como Rio Cedro, em referência ao curso de água, que atravessa as terras, mas os moradores passaram a denominá-la Morro Comprido, pela elevação que domina a paisagem local. O senhor Olindo Scarduelli, neto de italianos, e filho de Guilherme Scarduelli, doador das terras para a construção da capela, lembrava que:“Estas terras todas eram de um militar de Tubarão. Quem quisesse vir trabalhar ganhava um lote de 25 hectares.” (1) Assim foram chegando, primeiro os Scarduelli, desde a colônia italiana de Azambuja, e pouco depois, as famílias de Hercílio João Minatto, José e Marcolino Minatto, André Gava, e a família Rosso. Também havia algumas famílias brasileiras pioneiras como as de Manoel e Antônio Rocha, Francisco Gonçalves, João Marques e Antônio Henriques, dentre outras, que não permaneceram na localidade. 

  A profunda religiosidade das famílias foi de muita importância na concreção da comunidade, que sempre se destacou pelo seu espírito de solidariedade e de trabalho. De fato, seu Guilherme Scarduelli doou o terreno para a construção do cemitério, da capela e da escola. No início da década de 1930, a comunidade se organizou para construir a primeira escola em madeira: “O terreno foi doado pela família Scarduelli e também servia de capela para a realização dos cultos católicos. Essa escola-igreja atuou até 1950, quando foi inaugurada a nova capela que permanece até os dias de hoje...” (2).

   A construção da capela, em alvenaria, com a participação e trabalho de toda a comunidade, em 1950, contemplava as necessidades da prática religiosa das famílias locais. O bonito templo, mais amplo e espaçoso, foi dedicado a Nossa Senhora Aparecida, e tem como padroeiro secundário Santo Antônio, de ampla veneração entre os descendentes de italianos.

  O senhor Benício Antônio da Silva, relembra: “Eu era pequeno quando construíram a atual capela. Eu nasci em 1946. Meu pai, Antônio da Silva era de São bento Baixo, e minha mãe Fridolina Westrup, era de Forquilhinha. Meu pai, como todos da comunidade, colaborou para a construção da capela. Ele era da comissão que se formou para arrecadar os dinheiros necessários para a construção. O terreno foi doado pelo Scarduelli. As pessoas doaram tudo. Eu era pequeno e lembro passar os carros de boi, puxando as pedras do morro, para fazer a fundação. Era todo um acontecimento para nós, grandes e pequenos. Tem que pensar que a capela que estava sendo levantada era de material, quando muitas das famílias ainda moravam em casas de madeira. Para todos foi o grande acontecimento da comunidade, ter nossa capela, grande e bonita, feita com o esforço de todos. Nós, crianças, víamos levantar o prédio que nos parecia “enorme”, lembro que um dia entramos na construção, que ainda não estava terminada, e minha irmã subiu num espaço elevado e caiu, não se machucou muito, mas quando chegamos em casa meu pai ficou bravo. Meu pai contava como foi que arrecadavam o dinheiro para comprar os tijolos, o material, tudo. Faziam-se festas. As pessoas, por exemplo, doavam um terneiro, e se arrematava. Quando trouxeram o sino, fizeram uma espécie de leilão para ver quem dava a primeira badalada. A imagem de Nossa Senhora, estava na escola onde eu estudei, e depois foi trasladada à capela. A catequese estudávamos na escola, eu tive a Primeira Comunhão aos 8 anos, se a memória não errar, a minha primeira professora foi dona Augusta e depois veio a professora Ermínia Possamai. Antes da atual capela, rezava-se na escola. Quando ficou pronta, foi uma grande alegria para todos. A capela era um ponto de reunião das famílias, quando havia missa, depois as pessoas ficavam conversando, as mulheres falavam das novidades da família e os homens discutiam dos assuntos das lavouras.” (3)