Capela Santa Bárbara dos Italianos - Centro

Extinta - Capela Santa Bárbara dos Italianos - Centro

A partir de 1912, as primeiras famílias de origem alemã começaram a se estabelecer definitivamente na região de Forquilhinha, dando início a um novo núcleo colonial. Esse processo consolidou-se, principalmente, no período entre 1912 e 1922, com a aquisição de mais terras e a chegada de outras famílias das colônias de São Martinho e de São Ludgero. Ao sul da parte central da colônia, em direção a Morretes, (atual município de Maracajá), encontrava-se uma parcela de terra, propriedade de Batista Scarduelli. Sobre um terreno um pouco mais elevado, havia uma pequena capela, que levava o nome de sua padroeira Santa Bárbara, mas que também era chamada popularmente como a “Igrejinha ou Capela dos Italianos”, frequentada pelos colonos das redondezas. O testemunho oral dos vizinhos mais antigos de Forquilhinha, conta que “...a existência de uma capela que teria sido construída pelos migrantes italianos (a primeira da localidade). De acordo com as memórias do senhor Alfredo Tiscoski, essa capela distava apenas uns três ou quatro quilômetros do núcleo colonizador alemão” (1)

Como a capela foi levantada nas terras da família Scarduelli, muitos consideravam o pequeno templo como propriedade particular. O cronista Benno Loch relata:“...cheguei até em frente à capelinha de S. Bárbara, do Scarduelli, apenas passando pela entrada da casa....” (2)  A historiadora forquilhinhense Otília Arns confirma que a capela era parte da comunidade italiana presente na região: “As famílias italianas moravam perto da igrejinha Santa Bárbara.” (3)

A devoção à Santa Bárbara sempre foi muito importante na Itália, especialmente na região do Vêneto, local de procedência da maioria das famílias italianas que colonizaram o sul de Santa Catarina. Basta lembrar que as relíquias da santa chegaram à Veneza, capital da região do Vêneto, aproximadamente no século X d.C.

Por muito tempo, a capela de Santa Bárbara de Forquilhinha era o único local onde os primeiros colonos italianos e alemães da redondeza podiam se reunir para rezar suas orações, entoar cantos religiosos e leituras bíblicas, ou para participar de alguma missa quando acontecia a visita do padre de Nova Veneza. Em 3 de dezembro de 1915 a capela foi benzida pelo vigário de Nova Veneza, Pe. Miguel Giacca.

Como a sede da paróquia estava em Nova Veneza, a missa dominical era celebrada na igreja de São Marcos. Os colonos de Forquilhinha que não tinham condições de se trasladar os 10 quilômetros que separam as duas localidades, reuniam-se na capela de Santa Bárbara para um encontro religioso dominical. Segundo Otília Arns: “...na Capelinha de Santa Bárbara, construída pelos italianos...a reza era conduzida em português para os italianos e “brasileiros”, em horário marcado pelo vigário de Nova Veneza. Terminada a hora da reza em português, iniciava a da Comunidade em língua alemã” (4)

Algum tempo depois, sem apresentar explicações, o padre Miguel Giacca proibiu as orações em alemão na capelinha. As famílias de origem germânica, então, passaram a se reunir em casas particulares para realizar o “Andacht”, isto é, uma reunião onde se fazia a leitura de livros sacros, trazidos da Diocese de Trier, pelos seus antepassados. Pouco tempo depois, essas famílias decidiram levantar uma capela própria na colônia, que resultaria na construção da igreja do Sagrado Coração de Jesus.

A capelinha de Santa Bárbara continuou funcionando por vários anos. No começo de 1941 ainda aparecia nos registros paroquiais: Nesse mesmo ano, depois de quase três décadas, a capela fechou suas portas. Tempo depois, com a devida licença do Arcebispo Metropolitano, essa antiga capela foi demolida. A imagem e o sino foram levados para a capela que se construía na comunidade de São Pedro, onde permanecem até hoje.


Fotografia atribuída à Capela de Santa Bárbara. Sem registro de data. Acervo Museu Municipal Anton Eyng.