Colonos de origem italiana foram os primeiros em formar a comunidade nesta parte do território do atual município de Forquilhinha, na divisa com Criciúma, nas primeiras duas décadas do século passado. As famílias De Bona e Cardoso chegaram nos primeiros anos da década de 1920, seguidas pelas famílias Pasini, Dagostin, Ronchi, Mezzari e Taufenback, esta última de origem germânica.
O bairro que por força dos loteamentos vai perdendo sua caraterística rural para incorporar-se ao território urbano, já teve vários nomes. O primeiro foi Linha Pérsia, mais tarde, foi chamado Linha Perdida, depois Linha Santa Cruz, até chegar ao atual: Bairro Santa Cruz. O nome atual “... é uma homenagem da Câmara Municipal de Vereadores a Theobaldo Sausen, que veio de Santa Cruz do Sul/ RS e fundou o primeiro loteamento do bairro, logo depois da emancipação de Forquilhinha” (1)
Os moradores mais antigos relatam que: “... havia uma escola e uma igreja na localidade. Na escola se aprendia em italiano e a capela era aberta uma vez por mês, quando a visitava o padre de Nova Veneza”. (2)
Segundo Angelina De Bona: “Essa primitiva capelinha era um oratório, estava onde hoje é o loteamento “Águas Claras”. Ela, foi desmanchada, a imagem do padroeiro São Brás foi levada para a igrejinha construída em Mãe Luzia, onde permanece até hoje.” (3)
Sem essa primitiva capela ou oratório, os moradores da comunidade deviam se transladar a algumas das igrejas da região, seja a de São Defende, Forquilhinha ou São Roque, para participar do culto dominical. Com certa saudade, os mais antigos lembravam que o trajeto até a igreja era a pé, por estradas de chão ou cortando pelo mato. Então alguns faziam o caminho com os sapatos na mão, para não sujar e somente os calçavam ao chegar ao destino.
Em certa oportunidade, os vizinhos da localidade participaram da missa celebrada por Frei Rogério, no galpão de seu Líbero De Bona. O sacerdote propôs aos presentes pensar na possibilidade de levantar uma capela no bairro.
Para tanto, decidiu-se começar a reunir recursos para levar adiante o projeto. Enquanto isso acontecia, as missas eram realizadas no pequeno prédio da primitiva escola “Egídio de Bona”, no local onde atualmente se encontra o educandário “Pequenos Pensadores”. As celebrações aconteciam uma vez por mês, com certa regularidade, quando vinham os padres da paróquia do Sagrado Coração de Forquilhinha.
Segundo Angelina De Bona: “A maioria dos integrantes das famílias daquela época, os Pasini, os Mezzari, o Dagostin, os Cardoso, os De Bona, os Martins, todos participavam entusiasmados do movimento para levantar a igreja. Havia uma Diretoria da Igreja, ainda não tinha CAEP, que coordenava tudo. Quando não havia padre para celebrar missa, organizávamos uma reunião para rezar, fazer leituras bíblicas e cantar hinos religiosos. Ao começo vinham alguns leigos de São Defende, mas depois eu e outros colaboradores realizávamos essa função. O prédio do primitivo educandário foi desativado, já que a escola “Egídio De Bona” foi transladada ao local onde se encontra hoje. As instalações receberam a APAE. Mais tarde foram ampliadas e passaram a albergar a creche “Sossego da Mamãe”, e tempo depois, a atual “Pequenos Pensadores”.
Até a construção da capela, essas instalações foram utilizadas para a realização dos cultos e celebrações religiosas. Havia, por exemplo, a catequese para as crianças, para a Primeira Eucaristia e para a Crisma. Dentre as catequistas estávamos eu, Lídia de Godoi Cardoso, Rosiléia Cardoso, e várias outras, e contamos com a ajuda e direção da Irmã Anselma. A primeira celebração da Primeira Eucaristia foi ainda realizada na escola, e a catequista foi Rosiléia Cardoso.” (4)
No começo da década de 1980, a comunidade empenhou-se cada vez mais em seus esforços por ver realizada a obra. As primeiras festas para reunir fundos aconteceram assim: “Foram realizadas no galpão da olaria dos Cardosos. Vinha muita gente, até de outras comunidades como de Vila Franca e de São Defende. Os homens faziam torneio de Bocha, num potreiro nos fundos. E para comer havia churrasco, galinha, maionese, preparados por o pessoal da comissão organizadora. Ao finalizar a festa, seu Albino Lazari, arrematava tudo o que sobrara. Ficávamos até meia noite cantando e nos divertindo.” (5)
Os fundos arrecadados nas festas permitiram dar início às obras. O terreno foi doado pelo senhor Sebastião Cardoso. A comunidade colaborou com a mão de obra e na compra do material. Os bancos, os ornamentos, tudo foi por doação. Angelina De Bona lembra que: “A capela foi sendo construída aos poucos. Foi inaugurada, mas ainda estava inacabada. Lembro que faltavam os vidros. Era inverno e eu estava na catequese com as crianças passando frio. Então falei com seu Godoi e pouco tempo depois foram colocados vidros em todas as janelas.” (6)
O nome da padroeira “Nossa Senhora Aparecida” foi escolhido de maneira unânime. Havia na época muitos devotos à Nossa Senhora. A imagem que se conserva até hoje, foi doada pelo senhor Albino Lazarin.