A comunidade de Santa Líbera é uma das mais antigas do atual território municipal. Há registros que no ano de 1902 a família de Ângelo Romancini, proveniente de Armazém, estabeleceu-se no local. Naquele tempo grande parte da mata nativa estava em pé e ainda circulavam pela região grupos do povo Xokleng.
Entre a segunda metade da década de 1910 e durante a década de 1920, se estabeleceram várias famílias de origem italiana.
O nome desta localidade foi proposto por uma das primeiras moradoras, a senhora Tereza Simão Serafim. Ela era parteira prática e muito devota de Santa Líbera ou Liberata, como também é chamada, a quem invocava na hora dos partos. Seu marido, Antônio Serafim mandou construir na sua propriedade uma capelinha ou oratório com a estatueta da santa. A devoção foi espalhada pela vizinhança e acabou dando nome ao local.
As famílias pioneiras tinham um forte apego à religião católica. Na época, os moradores do atual bairro participavam das missas na capela do contíguo bairro Santa Luzia, pertencente à Criciúma.
Segundo a tradição oral: “No aspecto religioso há alguns relatos de que, por muitas vezes, para frequentar a igreja tiveram que enfrentar as estradas com muita lama, sendo por vezes, necessário irem descalços até próximo à igreja que ficava situada no bairro Santa Luzia e, em um córrego próximo à igreja, lavar os pés e calçar os sapatos. Muitas vezes, para participarem da festa de Nossa Senhora do Rosário, no centro de Criciúma, saíam de madrugada a pé para chegar a tempo na missa das dez horas...” (1)
A fé católica presente nas famílias foi um elemento aglutinador no desenvolvimento social local.
A missão evangelizadora dos franciscanos de Forquilhinha esteve bastante presente. Lembra- se, por exemplo, com especial estima, a presença de Frei Silvério Weber, que “atuava como padre na localidade, e, juntamente com a comunidade, conseguiu realizar as missões entre abril e maio de 1979.” (2)
Breve história da Santa:
Santa Liberata, ou Santa Liberata de Como, ou, ainda, Santa Líbera, segundo uma das várias tradições, nasceu a começo do século VI, em Rocca d’ Olgisio, na província de Piacenza, na região de Emília Romagna, na Itália. Há poucas referências históricas sobre sua vida.
Liberata tinha uma irmã chamada Faustina, que também é considerada santa. As duas optaram pela vida religiosa desde jovens, quando se transladaram à cidade de Como, entrando à ordem beneditina. Ambas religiosas fundaram um mosteiro em honra à Mártir Santa Margarida de Antióquia.
As duas irmãs teriam falecido por volta do ano 580, com fama de santidade. Seus corpos foram sepultados na igreja do mosteiro por elas fundado, e posteriormente, aproximadamente no ano 1000, ante o perigo de guerras e invasões na região, os restos mortais de ambas foram transladados para a catedral da cidade de Como.
No ano de 1317 as relíquias das santas foram colocadas no altar mor dessa catedral para sua veneração. No novo Martyrologium Romanum da Igreja Católica, Liberata e Faustina são celebradas como santas virgens, no dia 19 de janeiro. (3)
Na iconografia tradicional, Santa Líbera aparece acompanhada pela sua irmã Santa Faustina, com as vestes beneditinas e portando um lírio que simboliza a virgindade.